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A mentira é um padrão de comportamento que existe em todo o reino animal. Animais e plantas se disfarçam para enganar seus predadores ou se destacarem de outros animais de sua espécie a fim de se acasalarem.

Na nossa sociedade não seria diferente. A naturalização da mentira é um fenômeno social complexo, intrinsecamente ligado às dinâmicas de poder e normas culturais. Na era da informação instantânea e da hiperconectividade digital, a disseminação de informações falsas e a manipulação da verdade tornaram-se quase ubíquas. A mentira social parece ser uma estratégia adaptativa para alcançar objetivos, ignorando suas consequências éticas e morais.

A mentira patológica, para a psicopatologia, se caracteriza por um padrão persistente de mentiras, enganos e manipulações que ultrapassam os limites aceitáveis da sociedade. Indivíduos com esse transtorno frequentemente apresentam uma habilidade excepcional para distorcer a realidade, muitas vezes sem motivo aparente, o que pode causar sérios prejuízos pessoais e interpessoais.

Lembramos do filme “O Mentiroso”, estrelado por Jim Carey, nos anos ‘90, onde o inescrupuloso advogado Fletcher Reede possui a incapacidade de manter promessas e mente compulsivamente, até que seu filho, cansado das mentiras do pai, faz um desejo antes de soprar as velas do seu bolo de aniversário. O pedido do filho se torna realidade e o mundo do personagem se transforma em um caos. O personagem interpretado por Jim Carrey, incapaz de dizer a verdade por um período determinado, ilustra de forma caricatural os mecanismos psicológicos envolvidos na falsificação da realidade e suas ramificações sociais. 

A compreensão da mentira na contemporaneidade exige uma abordagem multidisciplinar, que considere aspectos sociais, culturais, cognitivos e psicopatológicos. Somente através de uma análise aprofundada e crítica, podemos enfrentar os desafios éticos e morais associados à proliferação da mentira e promover uma cultura de honestidade e transparência em nossa sociedade. Será que não temos um pouco de Fletcher Reede em nós?

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